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A sombra.

  • Foto do escritor: Lazara Oliveira
    Lazara Oliveira
  • 3 de jun. de 2021
  • 1 min de leitura

É tão escuro entre estas paredes; palpável, frio. Daqui escuto três sons: a voz dele, a minha, o violoncelo. Lágrimas caem fartas, de estar comigo, cheias de si, de mim. Há tanto que eu gostaria de dizer, mas minha voz não alcança aquele lugar. Será que sufocarei até morrer? A inexpressão fere do lado de cá de todas essas muralhas. Um sinal, mais um, eu me rastejo por isso se necessário for. Vivo mais um dia por isso, a mão estendida. Que algum vento piedoso eleve minha voz aos céus e a ressoe; eu imploro. Minha fronha conhece o sal.


Todos os dias luto contra a vontade de abandonar tudo. É pior que morrer, é viver demais. E as pessoas seguem insensíveis em suas vidas tão amargas quanto a minha, mascando línguas apertentas de verdades ardidas. Talvez eu tenha muitos motivos para agradecer, porém minha ambição e meu coração ingrato não me dão a paz necessária. Tenho sorvido os últimos dias de minha juventude enquanto me protejo dos golpes afiados de vozes ferrenhas. Não sei implorar por afetos, mas se soubesse, não faria. Acalentos alugados não me convencem. Já me cansei dessa caminhada, de minhas ambições pesadas. Perdoem-me as promessas, eu mesma acredito em minhas palavras, entretanto, sou uma carcaça, cansada. Apenas um sinal. Mesmo que fraco ou incompreensível... Um. O baixo bate; um; um, dois; um; um, dois; A sombra.


03/06/2021 De algum lugar nenhum.

 
 
 

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